Eu tinha 4 anos de idade quando fui à
Fonte Nova pela primeira vez. O ano era 1977 e o
Bahia tinha um grande time. Naquele dia, com um gol de
César Maluco, o tricolor bateu o azulino demolidor de campeões, o
Galícia, por 1 a 0. Não esqueço. Assim como não esqueço a maior parte das emoções que vivi em um dos maiores estádios que o Brasil já teve.
Foi lá que vi
Fito chutar do meio campo, Gelson engolir um frango e o
Bahia ser Hepta-Campeão estadual. Foi lá que vi
Douglas dominando o meio de campo,
Sapatão anulando atacante,
Dadá Maravilha parando no ar feito helicóptero e beija-flor,
Osni partindo pra cima dos zagueiros,
Cláudio Adão cabeceando certeiro,
Zanata cruzando de um jeito que só ele sabia cruzar,
Charles fazendo a rede estufar. Foi lá que eu vi
Bobô desfilando elegância,
Zé Carlos e sua inteligência,
Paulo Rodrigues organizando a saída de bola,
Naldinho fazendo gol de calcanhar na última hora,
Marcelo marcando de bicicleta,
Nonato batendo no peito e emocionando a galera.
Na
Fonte Nova, vi o
Bahia perder jogos bobos, conseguir vitórias impossíveis, a realidade virar sonho que arrepiava os mais insensíveis. Vi a
Bamor subir a rampa pulando, ouvi o concreto cantando, senti a terra tremer. Foi na
Fonte Nova que vi 110 mil pessoas vibrando a passagem para a final, que vi a torcida virando o jogo contra o
Inter e encaminhado o time para nosso segundo título nacional. Foi lá que vi
Raudinei fazer um gol no último minuto e uma explosão de alegria tomar conta do mundo.
O palco de tantos momentos bons está indo ao chão. E não é só concreto que estão derrubando. Naquelas vigas, corredores, cadeiras e arquibancadas têm muita emoção, alegria, tristeza, vida. E um bom pedaço da minha vida está lá. Podem construir a melhor arena do mundo, o meu coração jamais vai esquecer da velha
Fonte Nova.
Veja
aqui a simulação da demolição da Fonte Nova.