quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Velha Fonte Nova

Eu tinha 4 anos de idade quando fui à Fonte Nova pela primeira vez. O ano era 1977 e o Bahia tinha um grande time. Naquele dia, com um gol de César Maluco, o tricolor bateu o azulino demolidor de campeões, o Galícia, por 1 a 0. Não esqueço. Assim como não esqueço a maior parte das emoções que vivi em um dos maiores estádios que o Brasil já teve.
Foi lá que vi Fito chutar do meio campo, Gelson engolir um frango e o Bahia ser Hepta-Campeão estadual. Foi lá que vi Douglas dominando o meio de campo, Sapatão anulando atacante, Dadá Maravilha parando no ar feito helicóptero e beija-flor, Osni partindo pra cima dos zagueiros, Cláudio Adão cabeceando certeiro, Zanata cruzando de um jeito que só ele sabia cruzar, Charles fazendo a rede estufar. Foi lá que eu vi Bobô desfilando elegância, Zé Carlos e sua inteligência, Paulo Rodrigues organizando a saída de bola, Naldinho fazendo gol de calcanhar na última hora, Marcelo marcando de bicicleta, Nonato batendo no peito e emocionando a galera.
Na Fonte Nova, vi o Bahia perder jogos bobos, conseguir vitórias impossíveis, a realidade virar sonho que arrepiava os mais insensíveis. Vi a Bamor subir a rampa pulando, ouvi o concreto cantando, senti a terra tremer. Foi na Fonte Nova que vi 110 mil pessoas vibrando a passagem para a final, que vi a torcida virando o jogo contra o Inter e encaminhado o time para nosso segundo título nacional. Foi lá que vi Raudinei fazer um gol no último minuto e uma explosão de alegria tomar conta do mundo.
O palco de tantos momentos bons está indo ao chão. E não é só concreto que estão derrubando. Naquelas vigas, corredores, cadeiras e arquibancadas têm muita emoção, alegria, tristeza, vida. E um bom pedaço da minha vida está lá. Podem construir a melhor arena do mundo, o meu coração jamais vai esquecer da velha Fonte Nova.

Veja aqui a simulação da demolição da Fonte Nova.

Um comentário:

Pérola Anjos disse...

É um pedaço de nós, um pedaço de nossa querida terra que vai ao chão.
Não tem como não sentir uma dorzinha lá no fundo, mesmo sem ter sido uma frequentadora assídua, mesmo sabendo que a nossa velha Fonte vai ficar nova.

Beijos!